Opinião | Por Alex Soares (Blau Blau)
Na manhã desta segunda-feira (06/01), nossa equipe, em parceria com fontes ligadas à RTVC, esteve apurando os acontecimentos registrados desde o fim da tarde de domingo (05/01), quando fortes chuvas e tempestades atingiram o município de Valparaíso de Goiás, na Região Metropolitana do Distrito Federal.
O cenário encontrado foi de calamidade. Famílias inteiras estão em situação de risco, enfrentando alagamentos, deslizamentos iminentes e ruas intransitáveis, com buracos que tornam impossível o acesso a alguns bairros. Nessas áreas, o socorro às vítimas ou qualquer tipo de ajuda é praticamente inviável. A população, sem preparo e sem apoio, enfrenta um abandono que expõe a negligência crônica das autoridades locais.
Enquanto isso, o que se observa é a manutenção do que poderia ser chamado de “política do pão, circo e conteúdo”. Solenidades e eventos políticos seguem a todo vapor, como se a realidade dessas comunidades simplesmente não existisse. Políticos, muitos deles velhos conhecidos dos eleitores, continuam a ostentar seus cargos em meio a comemorações. Contudo, o que falta é o mesmo empenho demonstrado nas visitas às comunidades carentes durante o período eleitoral, quando promessas abundavam e pedidos de votos não eram poupados.
É válido questionar: desde que as chuvas começaram a provocar estragos em Valparaíso de Goiás, algum desses políticos foi visto visitando as áreas mais afetadas? Com exceção da vereadora eleita Maria do Monte, que realizou um evento solidário em uma das comunidades atingidas, o restante parece estar ocupado em celebrar suas vitórias políticas com churrascos e festas.
Além da omissão diante da tragédia, os moradores de Valparaíso de Goiás foram surpreendidos recentemente com uma taxa de R$ 25 para coleta de lixo, aprovada em uma sessão extraordinária convocada fora do calendário regular. Apenas os ex-vereadores Petinha e Zé Antônio se posicionaram contra a medida. Para a população, a aprovação desse encargo em pleno recesso parlamentar soa como mais um tapa na cara.
Enquanto muitas famílias passaram a noite convivendo com alagamentos e crateras na porta de casa, é difícil imaginar que os membros do primeiro escalão político ou do legislativo enfrentaram o mesmo cenário. Estão em férias, confortáveis e alheios ao drama das comunidades que dizem representar.
E a imprensa local? Salvo raras exceções, continua reforçando a dinâmica do “pão, circo e conteúdo”, ao invés de trazer à tona as histórias das famílias esquecidas no meio dessa tragédia anunciada.
A pergunta que fica é: até quando Valparaíso de Goiás será deixado à mercê das intempéries climáticas e da negligência política? A realidade exige ação, não discursos ou solenidades vazias.