Valparaíso de Goiás | POR CLÁUDIO CASSIANO

Em tempos de crescente luta pela igualdade de gênero, um novo movimento intitulado “Elas por Ele” emergiu em uma campanha eleitoral, provocando críticas e gerando debates acalorados. Lançado por um candidato a prefeito, o movimento pretende ser um apelo às mulheres para que apoiem sua candidatura, mas especialistas e ativistas dos direitos das mulheres denunciam o slogan como profundamente machista e retrógrado. Em vez de empoderar, “Elas por Ele” parece reforçar a ideia de que as mulheres devem servir de apoio a um líder masculino, perpetuando estereótipos que deveriam ser combatidos.

O Problema com o Slogan

O slogan “Elas por Ele” imediatamente gerou reações negativas. A ideia de que mulheres deveriam se unir em torno de um candidato masculino, ao invés de promoverem suas próprias lideranças e demandas, é vista como uma inversão dos valores que muitos movimentos feministas têm defendido ao longo dos anos. “O mais adequado seria ‘Ele por Elas’, demonstrando um compromisso do candidato em trabalhar por políticas públicas que favoreçam a igualdade de gênero e os direitos das mulheres”, afirma a socióloga e especialista em estudos de gênero, Drª Clara Alves.

Dados que Refutam o Movimento

Estudos recentes mostram que a representação feminina na política brasileira ainda é extremamente baixa. Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em 2022, apenas 15% dos cargos eletivos em nível federal foram ocupados por mulheres. Esse dado reforça a necessidade de políticas públicas que promovam a igualdade de gênero e não a subserviência feminina a lideranças masculinas.

“Movimentos como o ‘Elas por Ele’ não apenas ignoram essa disparidade, mas também promovem uma narrativa perigosa onde as mulheres são vistas como peças de apoio, em vez de líderes”, explica a professora de ciência política, Drª Ana Paula Silva. “Precisamos de mais mulheres no poder, não de mais mulheres apoiando homens no poder.”

Análise Crítica: Uma Regressão no Debate Sobre Igualdade

O movimento “Elas por Ele” pode ser interpretado como uma tentativa de capturar o voto feminino de maneira superficial, sem um verdadeiro compromisso com as questões de gênero. “É uma jogada populista que explora a boa vontade das mulheres, mas que, na prática, perpetua a ideia de que o lugar da mulher é como coadjuvante, e não como protagonista”, critica Mariana Souza, ativista e coordenadora de um coletivo feminista.

Movimentos históricos, como o sufrágio feminino e a luta por direitos reprodutivos, mostram que as mulheres não precisam “estar por ele”, mas sim exigir que os candidatos e políticas públicas “sejam por elas”.

Conclusão

A crítica ao movimento “Elas por Ele” vai além de uma simples discordância sobre o slogan. Trata-se de uma rejeição a uma mentalidade ultrapassada que não corresponde às demandas modernas por igualdade de gênero. Em uma época onde se clama por mais representação feminina nos espaços de poder, “Elas por Ele” surge como um retrocesso, ignorando a importância do empoderamento feminino e reforçando estereótipos que deveriam ser combatidos. O eleitorado precisa estar atento para não se deixar enganar por slogans vazios que, na prática, perpetuam desigualdades e subjugam as mulheres a papéis secundários na sociedade.

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